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sexta-feira, 28 de junho de 2013

O observador


Se ela estivesse frustadamente abaixo ou talvez escondida por pedaços que chamávamos de anonimatos do céu, eu não sei. Mas cada brilho perdido e lançado aos nossos olhares incrédulos e tristonhos era uma glória permanente.
Eram infinitos e impossibilidades que eu observava em um subúrbio universal acima de meu reino posterior. Eram estrelas e nuvens que imergiam a cada minuto na agonia de uma guerra entre ambas. Pois essas estrelas tornavam aqueles anonimatos do céu em traços mortos ao breu da noite. Entretanto, estas que nos encantavam ao seu irrevogável e futil brilho, também poderiam ser evitadas. Evitadas sutilmente, é claro.
Não me recordo se vivi em uma era de escuridão estática. Mas, acima de meu reino, havia apenas um brilho ao anoitecer.
E eu era  um verdadeiro observador de seus meros e radiantes, pelo o que eu chamava, vantagens celestiais. Depois, após o crepúsculo constante e a escuridão da noite transparecer, ela se posicionava no mesmo cantinho universal presenteado à sua beleza.
Aquela estrela não era apenas o único brilho de minha escuridão. Sua humildade de se apresentar acima de mim era, de uma forma complicada, arriscada.
É como uma borboleta abusada: para viver, a lagarta precisa esperar pelo momento certo de criar as asas e voar para o além. A minha estrela também.
Libertada de um mundo dominado pela escuridão, a borboleta poderia voar para o longe, para onde sua beleza única fosse mais apreciada pelo olhar humano. Ela então, permanceria voando sobre o céu que a elogiasse diante de uma sociedade curiosa.
Evidentemente, o ponto brilhante acima de minha casa seria uma estrela se aproveitando da escuridão e do isolamento de meu reino para compartilhar sua forte esperança de ser única. Como uma rosa branca em um buquê de rosas vermelhas. Como um sorriso meigo no meio de uma população mútua.
A estrela era o único brilho deste mundo deprimente.
E este é o motivo pelo qual eu me sentava todas as noites no chão da rua, independente da sensação térmica que meu corpo captasse, para observá-la. A razão por eu estar ainda ali, neste mundo desprezível, era o seu brilho.
Para mim, aquela estrela representava minha única esperança. Ela me dizia todas as noites que, em uma escuridão como aquela, seu brilho era como a última luz de um túnel infinito. Ela era o motivo de acreditarmos em milagres. Ela era a pureza enterrada em um solo de pecados.
Seja quem for que a colocaste ali, bem acima de mim, eu devo admirar até meus últimos segundos de observador.
Um observador inútil para a humanidade, mas importante para um único brilho. Ou uma única esperança.
Pois esta, tornava a minha escuridão finita. 


3 comentários:

  1. Parabéns! Você tem muito talento na escrita!É possível perceber isso muito facilmente nesse texto! As difíceis palavras utilizadas foram aplicadas no texto com exito e, além de tudo, você fez comparações ótimas! Parabéns!

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  2. Muito bom o texto! Você tem com certeza um futuro nessa carreira, continue postando, estou ancioso!

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  3. Giu aqui é o David muito profundo seu texto até chorei aqui não sabia que você possuía sentimentos e que eram tão profundos hahahahah zueiras a parte fiquei muito supreendido pela qualidade do texto e pelo assunto tocado você deveria retomar essa sua pratica pra vc não perder seu dom :) bjs

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